segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Feliz Halloween!



A viagem

Sexta-feira, 31 de outubro, uma cabana encontrava-se ao longe, em meio a uma enorme floresta, distante de qualquer civilização. O tempo era propicio a chuva naquele momento, mas, a densa nuvem de névoa espalhava-se em meio as árvores, incapacitando qualquer transeunte que caminhasse por entre elas, podendo, se perder mais a fundo da mesma.

Perfeito para o anfitrião da aparente, cabana abandonada.


— Você devia andar mais devagar, Tomas, essa estrada não é confiável, olha essa ladeira…

— Ok Sófia, acalme-se! Eu já entendi, por favor pare de repetir a mesma coisa. Toda vez que passamos por uma curva estreita. — disse Tomas, interrompendo Sófia que olhava pela janela. Farto de tanta reclamação, Tomas apenas queria chegar logo na casa da mãe, em Westwood, não esperava que uma viagem como essa, poderia ser tão estressante, era apenas para ser uma viagem tranquila e feliz, mas via que isso, seria difícil de alcançar.

— Me acalmar? Estamos andando há horas! Estou morrendo de fome, quanto falta para chegarmos hein? — perguntou indignada. Sofia era uma moça teimosa, e não tinha paciência para muita coisa, o que combinava com seu perfil alto, que diferente de outras mulheres, ela parecia bem intimidadora. Seu cabelo era longo e batia na cintura, castanho, olhos cor de avela que, contrastavam com a paisagem afora. Completamente o oposto do marido que, tinha uma altura média, considerado o menor entre os amigos, loiro de olhos verde e com uma paciência de milhões.

— Acho que estamos próximo de Corkewood, ainda vai demorar um pouco até chegarmos. — respondeu o marido suspirando cansado, uma dor de cabeça estava bem próxima de começar.

— Affs, eu sabia que não devia ter vindo, isso foi uma completa perda de tempo! — reclamou.

— Mas é a minha mãe Sófia, é o aniversário dela, sabe que não perco o aniversário dela, nunca. — Indignou-se ele, como podia ela agir assim? Sem se importar com os sentimentos de outras pessoas? Perguntou-se Tomas um pouco chateado com a situação.

— E daí? Podíamos ter mandado um e-mail, mensagem, cartas, sei lá… qualquer coisa!

A falta de questão com a família, irritava Tomas e ouvi-la reclamar, lhe dava uma grande dor de cabeça. E o pior, por mais que ela fosse assim, sem o menor arrependimento de suas ações infantis, ele ainda a amava, há como amava essa mulher teimosa.

Concentrado em dirigir e ouvir sua esposa simultaneamente, Tomas torcia para que sua horrível dor de cabeça não aumentasse. Com tantas distrações lhe pressionando, ele não viu o cervo na estrada que entrou na frente do carro, tomou um susto, perdeu a direção e acabou batendo no barranco. O automóvel voou ladeira abaixo, rodando, após o desvio conturbado que os derrubou. Foi tudo muito rápido, agindo no instinto, marido e mulher tentavam se segurar onde, era-se possível no veículo, vendo tudo ao redor passar rápido e lentamente.

Ninguém esperaria sobreviver a uma enorme queda, em um carro, feito de bolinha de Ping Pong em uma grande ladeira. Muito menos Sófia, que acordou zonza, minutos depois, com machucados graves no corpo. Desesperada e confusa, ela procurou pelo marido, que estava estirado ainda no banco do motorista, preso pelo cinto e assim como ela, de cabeça para baixo.

— Tomas! — chamou. — Acorda Tomas!

Assustada e tremendo, Sofia desatou seu cinto com dificuldade. Caiu com o peso do seu corpo sobre o teto do carro. Correu até o marido, e tentou desafivelar o cinto dele. Sentiu seu pânico crescer, ao ver que, estava travado, e pôs mais força em suas mãos, praticamente quebrando o objeto.

Tomas cai, ainda desacordado, Sófia puxa o marido para a janela quebrada ao lado do passageiro, ainda fraca e com medo, ela não desiste de salvar seu amado, temendo que o carro explodisse ali, como aconteciam nos filmes de ação.

Não muito distante dali. Algo em meio aos arbustos, os observava, algo sombrio que lambia os beiços, pela carne nova na área, se preparando para o ataque.

Sófia estava muito distraída em retirar Tomas do veículo, e não percebeu o estranho movimento, por trás de si, entre árvores e arbustos.

— Tomas! — gritou tocando o rosto do marido, após colocá-lo encostado em uma árvore. Tocou seu pescoço, procurando por batimentos em seu parceiro, sentindo que ainda, sim, seu coração batia, e podendo relaxar um pouco, chegou à conclusão de que ele estava apenas desmaiado, Sófia encostou-se ao lado do companheiro na árvore, tentando recuperar um pouco as energias.

Era desesperador, ou como estar em um pesadelo louco para acordar. Num minuto, estavam na estrada, discutindo feito matracas velhas, como sempre, e ele, escutando e dirigindo. Como não vimos aquele bicho na estrada? Pensou, frustrada consigo mesma. Ela queria com toda a força do seu ser, que Tomas ficasse bem, que logo, a ajuda chegaria, assim que ligassem para a polícia ou uma ambulância.

— O telefone! — exclamou, ao se lembrar de que, precisava pedir ajuda. Levantando-se, Sófia voltou para o carro, mancando da perna esquerda. Ao menos, esperava muito que o carro não explodisse naquele momento.

Se agachando na janela do passageiro, ela entrou novamente no veículo e procurou por seu celular, esperando que não tivesse quebrado na queda ou voado para longe. Encontrou o aparelho no banco de trás do jipe, a tela estava com apenas um risco no meio, nada que a impedisse de usar. Ligando o dispositivo, torceu para que houvesse sinal e então, ligou para a ajuda, ao mesmo tempo, em que saia novamente do carro.

Sem sinal, era tudo o que dizia. Decepcionada e frustrada, Sófia gritou em desabafo, jogando o celular longe, chuta o carro e se ajoelhando no chão ao lado do mesmo, chorando. Gradualmente seu humor se estabilizava. Ela decidira que ficaria com o marido, esperaria ele acordar e decidiriam juntos o que fazer a partir dali.

Mas ao retornar para onde deveria estar Tomas, ela não o encontrou. Pensando que ele podia ter acordado e começado a andar desorientando, começou a procurar por ele, gritando seu nome, pedindo para voltar. Estava assustada demais para querer ficar sozinha.

Ao se aproximar da árvore onde o marido estivera, Sófia vê um rastro de sangue que se aprofundava em meio aos arbustos, levando para o resto da floresta escura e nevoada. Sem muitas opções, a mulher põe-se a mover, seguindo o rastro, esperando encontrá-lo. Ela anda sem parar por longos minutos, cansada demais para continuar, senta-se ao lado de uma árvore qualquer.

— Onde você está Tomas? Por que me deixou aqui? — perguntou para o nada, chorando. — Porque…

Antes mesmo que pudesse continuar, algo, ou o que parecia ser uma mão em forma de garra, agarrou o ombro da mulher, apertando firmemente e machucando Sófia. Em questões de segundo, ao tentar olhar para o que havia encostado nela, a criatura amedrontadora a puxou com uma força inimaginável. Sua aparecia sombria e escamosa, era um pesadelo sem igual, em pele negra e nuvens de fumaça escura emanando de seu corpo, e uma camada gosmenta que se assemelhava a sangue preto, pingava da boca.

Com um grito estonteantemente assustador, Sófia desapareceu na floresta, assim, como Tomas. Ambos, nunca mais foram vistos em décadas.

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